Óleo sobre tela

25 anos depois, uma tela em branco.

Com algum esforço é possível ver textura, resquícios de uma silhueta que habitou esse quadro um dia.

Não, não é uma tela crua.

Espátula, pincel e delicado soprar tentam desvendar o que há por trás de tantas camadas de tinta branca.
Ajeito os óculos e aperto os olhos na esperança de estar apta a descobrir cada traço de luz, cada sombra...

Que figura é essa escondida com tamanha competência?

É preciso paciência. Se eu tiver pressa posso borrar o desenho original e perder para sempre sua essência.

Horas, dias, anos se passam e tudo que consigo expôr são seus olhos.

É uma mulher. Talvez uma menina ainda.
Um brilho inebriante salta de seus olhos e invade minha alma.
O cenário é bucólico. Um jardim, algumas silhuetas.. Tudo muito otimista.
Será seu refúgio? Real ou fantasioso refúgio da vida?...

Do outro lado da tela, outra figura. É pra lá que ela está olhando. É isso que a faz espalhar magia à sua volta.

Um leve arredondar das maçãs insinua que sua expressão é de contentamento. Apesar disso, a cor um pouco mais rubra do que deveria revela discreta excitação.

Sua expressão agora mistura encanto e timidez.

Algum tempo a mais de dedicação e finalmente consigo ver seus lábios.

Ela está sorrindo como eu pensava.Mas seu sorriso me diz tão pouco quanto seu rosto sem ele. 


Em busca de respostas, procuro a segunda imagem da tela. 
Logo reconheço o contorno das formas...

Um espelho.


Me afasto um pouco da tela para observar o todo.

O que a prende tão profundamente em si mesma?


Não é um simples espelho, posso dizer. Não com um reflexo tão imperfeito.

Um estalo e tudo fica claro: Em seu refúgio, um espelho da alma.

Conhecer-se. Que privilégio tem essa menina!



Muito prazer, Isis Rocha

"Viver de cara limpa..."

Como me propus a falar disso, decidi compartilhar o cair de uma máscara.
Estou aqui pra falar de plenitude, de felicidade.

Quem me conhece há pouco tempo deve ver uma mulher livre, sem frescuras, sem exagerar no apego às pessoas e situações. Que consegue, quase sempre, cair e levantar como se nada tivesse acontecido.
E isso tem lá seu fundo de verdade.

Existe, porém, uma interpretação imediata de que sou do tipo de pessoa que não sofre de verdade, que não se envolve, que é pouco humana.
E é aí que existe um equívoco enorme! Quem me conhece há mais de 5 anos sabe disso.
Nesse tempo não haviam tantas cicatrizes. 
Nesse tempo havia mais ingenuidade em mim.
Assim sendo, a alegria da entrega a tudo que fazia estava sempre estampada no olhar, no sorriso, nos gestos.

Isso se perdeu, confesso.
Não a entrega ou a alegria, mas a transparência.

Com marcas profundas, aprendi a revelar cada vez menos minha personalidade açucarada.
Apesar de devidamente protegidas, a intensidade das emoções não mudaram.
Os sonhos ainda são quase infantis, o coração ainda não sabe viver nada pela metade, os valores não se perderam.

Isso se aplica ao trabalho, à família, à maternidade, aos amigos e às relações, claro.

É engraçado tirar o véu "tô nem aí" publicamente.
Engraçado porque quem me conhece de verdade vai ler isso e pensar "novidade..." e quem não conhece vai se perguntar "nossa, será?!".

Poisé... a Isis inquebrável, fria, com a capacidade natural de rir das próprias mazelas não passa de uma menina romântica que passa os dias lutando pra não perder suas mais profundas crenças.

"Quero uma estrada que provoque a superação respeitando meus limites, me respeitando. E, como recompensa, uma clareza indiscutível de que não havia outra direção possível para a felicidade."
Escrevi isso aqui há alguns dias e tenho cada vez mais certeza de que a direção que escolhemos tem o incrível poder de nos trazer - e levar embora - pessoas, oportunidades, momentos bons e ruins.

Cada passo é uma escolha.
E eu escolho, a partir de hoje, não carregar mais essa máscara comigo.
Não como é hoje, pois já não me serve.

Ela facilita as coisas, claro. Viver de cara limpa pro mundo é punk!
Mas eu sempre tive um trabalho enorme pra "me resguardar", nunca me foi natural...E sinto que já não preciso disso.

"O essencial é invisível aos olhos."

Estou finalmente pronta!
Algumas mudanças precisam ser drásticas.
Que assim seja!

Mais uma vez então...

Muito prazer,

Isis Rocha. ;)

2008... Sorriso limpo, ainda sem a tal máscara. ;)


Bravura

Enquanto observo atônita o julgamento desmedido das pessoas com tudo ao seu redor, lembro de Renato Russo...

"São crianças como você
O que você vai ser quando você crescer?"

Como alguém consegue viver apontando o dedo pros outros?
Acha mesmo que seus pais não podem se contradizer, que seus amigos não podem mentir nunca... que algumas coisas 'bobas' são imperdoáveis?
Será que acha mesmo que está imune a erros? A erros como esses que condena?...

Arrogância.

Não estou livre disso. Existem erros que não admito e que já cometi.
O que faço com relação a isso? Imponho a mim a mesma severidade (um pouco mais, na verdade) com que trato o mundo.
Assumo consequências, penso nesses erros à exaustão pra ter a certeza de não voltar a cometê-los.

"Macaco não olha pro próprio rabo"... É ridículo, mas é verdade.
As pessoas deviam mesmo se esforçar, pensar mais nos seus 'pecados' antes de jogar pedra no próximo.
O mundo seria melhor, sem dúvida.
...

Essa indignação que nauseia corpo e mente me trouxe uma certeza: É preciso ter muita coragem pra viver de cara limpa!

Liberdade.
Uma conquista para poucos!

Ter a certeza adolescente das próprias crenças, mas entender com maturidade os limites de sua imperfeição.
Manter a bravura de dar passos incertos, de se jogar na vida com o alto risco de errar.

Mas usar estratégia de xadrez em cada movimento. Estar preparado pra ser responsável por atitudes e palavras.

Será que isso é crescer?
Isso é viver de verdade?!

Acho que é um caminho...
Difícil, árduo, tortuoso, mas delicioso.
Recompensador. ;)



Essa semana fui julgada por estar em casa cuidando da minha filha, dependendo da minha mãe e investindo com calma na minha carreira - que não é correr atrás de um concurso ou aceitar o que for mais fácil.
Fiquei mal. Questionei se estava certa em seguir meus instintos, em pegar um caminho diferente da multidão.

Não cheguei a conclusão alguma. E acho que não vou chegar nunca.
Mas e daí?! ;)

Certa ou errada, escolho seguir minha estrada, dar meus passos.
Ser quem eu não sou não é uma opção.



Ao infinito e além!

Espelho, espelho meu...

Auto-retrato
Olhando no espelho
Percebo o problema
De me conhecer

Ciência do que quero
Do que posso oferecer
Amor e amar
Nada mais

Despindo o filtro
Da segurança
Conheço-te a mim 
Realidade de nós

Crua e livre
A verdade alenta
A coragem espontânea
De compartilhar.






Ágape      .


Reeducação afetiva

Estava pensando no que esperamos da vida, do amor, das relações.

"Eu quero a sorte de um amor tranquilo..."
Cazuza, lindo amante, como eu concordo com você.
Complicações individuais me são suficientes.

Eu quero sim um homem que me desafie como um terreno inexplorado, mas não preciso que o caminho em seu solo seja cheio de armadilhas, encruzilhadas.

Quero o caminho de Santiago.
Passo a passo, caminhar, não correr.

Quero uma estrada que provoque a superação respeitando meus limites. Me respeitando.
E, como recompensa, uma clareza indiscutível de que não havia outra direção possível para a felicidade.

Chega de dúvidas, chega de medo, chega de erros.
Auto-sabotagem não é mais uma opção.

Não, isso não é sonhar com príncipe que não existe.
Não, isso não é pedir demais da vida.

Prestem atenção nisso, meninos!
Um homem só precisa ser homem de verdade pra ser encantado.

E meninas... descompliquem!
Ninguém veio pra essa vida pra correr atrás de relações que sugam energia.

Got it?! ;)

Good. :)


Que a vida me traga um amor como eu mereço.

Um amor que transborde, uma troca justa do melhor que tenho pra dar.

Elisa


"Elisa é uma jovem romântica e sonhadora. 
Acredita que seu amor é único e eterno. 
Forte o suficiente pra sobreviver a qualquer adversidade.

Elisa tem inocência no olhar. 
Acredita nas pessoas e na sorte. 
Acredita no poder da vontade e que o “universo conspira a seu favor.”

Elisa acredita em magia, seja ela qual for. 
Magia entre as pessoas, magia movendo o mundo.

A menina Elisa acha que sua vida é e sempre será cheia de momentos de pura mágica e assim, digna de páginas de um lindo romance.

Bem-vindos às histórias imperfeitas de uma menina incomum."

...


Quando resolvi escrever um romance adolescente não pude fugir da minha própria história. E ao imaginar o nome da minha personagem mais pessoal, ela nasceu Elisa.

Elisa porque quando fui procurar seu significado achei vários, mas tem um que não pode ser contestado:

"Qual o significado do nome Elisa: Mulher Feliz."

Elisa porque eu queria ter uma filha com esse nome. (Sim, eu teria que ter uma dúzia de filhos pra gastar a lista de nomes lindos que eu tenho pra eles. ;) )

E, principalmente, Elisa porque quando eu penso num personagem, penso na referência, na lembrança que seu nome me traz. 
E pra recriar a mim mesma, eu teria que trazer lembranças felizes, que me encantam e me inspiram. 
Então tinha que ser o nome dela, tinha que ser Elisa.



Minha flor de Lis, um aniversário lindo como o seu sorriso. 
Beijo! 




Decepção

Pra mim, um dos mais tristes sentimentos que existem.

Eu detesto me decepcionar, além dos motivos óbvios, porque me dá uma sensação de burrice crônica. "Como eu pude achar que seria diferente?"
E também porque sempre me tira uma ponta da crença em todo o resto.

Quando alguém me decepciona, fico triste porque não aprendi a parar de nutrir expectativas. Mas também fico confusa.
"Será que esse é o caminho? Me decepcionar sempre? Será que o ideal é se fechar pro mundo pra que ele não me machuque?"
Se for assim, como eu posso dar algo a alguém de quem não espero nada?
Se for assim, e a coragem de enfrentar a vida, cadê?
Não, eu não sou assim.

Eu só sei querer bem se me doar fizer parte do processo. O que envolve riscos, mas fazer o que né?
A gente assume riscos e lida com os resultados. Paciência.

Tirei todas as fotos de todos os amigos do meu mural hoje.
E decretei: "Vai ter que fazer por merecer pra estar aqui."
E então recoloquei 3 fotos. E me senti amarga de novo.
Castrada da vontade de acreditar nas pessoas.
Editando contra a vontade um conteúdo que eu queria que fosse tão bom quanto meus olhos o viam.
Não é bem assim. 
Paciência.


O que me deixou triste a ponto de vir aqui desabafar em tantas letras - afinal, decepção não é nada muito novo nessa vida, né? - foram comportamentos hipócritas e imaturidade sendo usada pra justificar erros graves.

Não admito hipocrisia.
Não aceito irresponsabilidade.

Me acusem de me expor, de ser pouco diplomática.
Sejam duros comigo, sejam claros, mas me digam a verdade.

Não suporto hipocrisia.
Não passo a mão na cabeça de quem não assume suas verdades.

Não digam que confiam em mim se não o fizerem.
Não digam que me entendem se não o fizerem.
Não digam que gostam de mim se não o fizerem.
Não digam que me conhecem se não for verdade.
Porque eu sou estúpida e acredito. :)

Mais uma decepção no contador 2011.
Mais uma queda, mais um levantar, mais um curativo, mais uma cicatriz, mais uma lição.

E, por incrível que pareça, a lição que eu levo é:

Sim, tem gente que não merece a minha confiança. Muita gente!!
Mas tem gente que merece. Poucos, "gang of fews", mas merecem. :)
Então Keep calm and carry on.

;)