"- Nossa, que aeroporto pequeno! Será que dá?! - E lá estava eu, nordestina agoniada, de olhos arregalados, chegando pela primeira vez na pista curtinha de Congonhas.
Minutos depois peguei um taxi. E o taxista não me parecia tão enrolado como todos me descreviam os 'paulistas'.
Logo descobri que as pessoas da cidade eram na verdade Paulistanos, mesmo que não tivessem nascido por lá.
Ele era bacana e me levou à minha primeira "morada": Av. Brigadeiro Luiz Antônio.
Extasiada, descobri que dava pra ir a pé à tão famosa Av. Paulista!
Algumas ligações e lá estava eu, caminhando em direção ao Metrô Consolação pra encontrar algumas pessoas queridas. Nordestinas como eu, mas já quase paulistanas.
Andei a Paulista inteira! Primeiro com medo de tirar o celular da bolsa e ser roubada a qualquer momento, depois me sentindo completamente boba. Todo mundo andava com o celular na orelha por ali! Não devia ser tão perigoso assim...
Mais alguns passos e passei pelo MASP.
Estremeci.
Era o MASP, gente! Bem ali, na minha frente! Inacreditável!
Andei mais um pouco e parei rindo de mim mesma.
Um frio na barriga e um sorriso rasgado trouxeram à memória uma das lembranças televisivas mais carinhosas da minha infância: A famosa cena das reportagens do Jornal Nacional: Um turbilhão de gente atravessando a Paulista em frente àquele prédio enorme com um relógio no topo! O relógio do Itaú!
Caraca, eu estava mesmo ali! Será que tinha alguém filmando?!
Dei risada sozinha na calçada. A lembrança era tão doce que eu parecia ter uma casquinha de sorvete de chocolate em minhas mãos.
Respirei fundo e mergulhei naquela multidão em direção ao outro lado da avenida.
Cheguei, parei num cantinho pra não "atrapalhar o fluxo" e fiquei observando...
Topo tipo de gente, todo tipo de ritmo, milhões de possibilidades...
Fiquei hipnotizada por um bom tempo.
Ainda naquela noite conheci o Hospital Santa Catarina e seu muro fantástico, a Fnac e sua imensidão de livros e tudo que a imaginação possa desejar... A Casa das Rosas, meu oásis preferido.
Era tudo lindo demais! Estava encantada... Extasiada!
Em algumas horas já estava apaixonada por aquele lugar.
E vi que não tinha mais volta...
Meu coração já era... Paulistano!"
Esse foi o primeiro de vários momentos em que me apaixonei por essa cidade linda.
São Paulo é como num namorado romântico. Empenhado em me conquistar todos os dias. E com uma competência indiscutível.
A cada esquina, a cada lugar novo, a cada rosto desconhecido nas ruas, um potencial enorme de encantamento.
Por isso hoje é preciso dizer:
Parabéns, meu amor.
Feliz Aniversário, São Paulo!
E como não poderia deixar de ser, agradeço à minha querida chefa Silvana Rocha que acreditou naquela moleca que odiava acordar cedo e me levou pra Sampa.
A D. Djanira, que me recebeu de braços abertos e com muito amor.
A Verônica, prima querida que estava lá nesses e em tantos momentos deliciosos.
Ao Bito, que passou frio comigo nesse primeiro dia, que topou caminhar muito e aproveitar cada segundo que Sampa tinha pra nos dar.